domingo, 29 de agosto de 2010

Grande Sertão, Grande Questão

"Estou contando ao senhor, que carece de um explicado. Pensar mal é fácil, porque esta vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar."

Assim contou Guimarães Rosa num de seus livros. Pensamento bem lembrado esta semana, que trouxe ventos novos, mundanos. Parece que a mudança anda solta nas cabeças... Quem não quer uma? Digo uma das boas, de dar gosto. Vivendo por ai, a gente descobre que todo mundo está se movimentando por dentro, a despeito de quem seja, lidando com suas próprias vidas, desejos, descobertas... Mudanças.

Tarde boa, de clima temperado, uma mensagem inesperada chega ao meu conhecimento: tédio. Mesmice. Pra onde é que vai todo o desejo que outrora estava lá? Não que tenha desaparecido ou abandonado. Não. Definitivamente, não! Na verdade, ainda está lá, mas o entendimento do mundo, a busca pela emoção, o frisson... Alguma coisa rompe o inexorável. Há um sentimento de etapa a ser concluída e outra etapa a ser começada e depois continuada e lá na frente superada e seguida de outra que derruba esta e dá passagem àquela outra, que depois de outras... Ufa! O ciclo das coisas é imbatível. Há de se ter os baldinhos sempre cheios d'água para alimentar o moinho. É preciso um novo sopro para um novo giro do catavento. É imprescindível viver para mudar... ( ou mudar para viver?).

A minha caixa de e-mail estava, já alguns dias, saboreando estas questões, advindas de um amigo próximo. Eis que na semana em questão, alargou-se o paladar e parece que uma grande leva de outros amigos, de convívio atual e não, foi picada pelo inseto mesmo, que também picou aquele amigo lá, o do e-mail. E que, de certa forma, também a mim ele picou. Ou alguem espalhou correntes pela internet. Pudera!

No seguir do carro, eu ouvia sobre a necessidade de se adaptar a vida prática à sentimental. Necessário! Cliché: unir o útil ao agradável. Não é tão cliché assim, se refletirmos bem. É atual e indispensável para aqueles que decidem cumprir uma existência digna: viver, meus caros. Contar dos seus amores, apaziguá-los, conviver com seus próprios "causos". Ele queria uma solução para o seu dilema. Queria aprender a solucioná-lo. Buscar pelo seu prazer, pela sua vida. Erguer sua estória, construí-la e desconstruí-la, deixa-la ser. Arriscar suas certezas, cortejar, lutar. Jamais brigar de forma pejorativa, mas agir. Queria alguma resposta. Estava disposto a mover contra a acomodação. Mudar, inevitavelmente. Achei surpreendente. De dar vontade de voar e correr e nadar e etc. Abusar da existência. O que nunca é um abuso.

Noutro lugar, porém, naquele inesgotável dia, ela me olhava com olhos brilhantes, de quem deseja. Sua constatação acontecia com uma ponta de culpa, uma pontinha de pecado. Queria o novo, sem deixar o antigo. Querer por querer... Querer, por que é próprio do ser. Alguns momentos a gente precisa resgatar a nossa importância, individualidade. Estou atrelado a alguém que escolhi. É o fim? Of course not! Não é culpa do seu signo de ar, que sopra, sopra e espalha seu pensamento. Não é culpa o nome: é assim. É inominável, embora possa até ter um nomezinho pra ela... Saudade de outros amigos, do tempo em que desafiava amores, entrava e saía deles. Não atendia telefonemas... Não quer perder o que tem hoje, só não quer se perder. Quer amar e aceitar o mundo, as vontades, as dúvidas, a mudança e etc.

Ai ai... Existem algumas horinhas em que somos colocados diante de nós mesmos: quer compreender e avançar ou fingir e permanecer? Livre arbítrio. Presentinho lá de cima. Ou lá de baixo. Ou dos dois... Talvez os dois sejam complementares. Chega! Mudar é incondicional, indiscutível. Perceber suas particularidades é que é o grande barato da coisa toda. Percebê-la. Experimenta-la, deixa-la, ajuda-la... Etc.

"Digo: o real não está na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente é no meio da travessia (...) mas quem é que sabe como? Viver... O senhor já sabe: viver é etecétera."

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Na estampa!

Tô chegando...
dá licença...

Tô trazendo um bocado de coisa:
tem papel em branco,
tinta preta,
mas a letra é estampada.
aqui tem todas as cores,
não se engane!

Tô chegando na estampa!
Fina estampa...