Pensem o que quiserem. Tenho
vontade de escrever, mas no exato momento, confesso, nada me vem. Nem uma
mísera idéia, um caso, uma percepção, crítica ou elogio. Nada. Só essa vontade
de agrupar palavras. Eu sei... algumas pessoas que dedicarem o seu tempo lendo
este “isto” desejarão , no mínimo, um conteúdo digno. Não prometo nada, só a
minha boa intenção que faz mover meus dedos aflitos. Acabo de escutar “killing me softly”, com Lauryn Hill e
logo em seguida começou “crazy”,
cantada pela deliciosa ex-revoltada-zen-sumida Alanis Morissette. Posso
considerar como um sinal? Vamos lá... estou tentando um assunto, me ajudem
aí... depois não vão dizer que nem ao menos me esforcei.
Então é isso: vou mantendo esta
conversa, mediada por tudo que vai tocando enquanto tento, quase
sacrificantemente, arrancar dos meus interiores qualquer conteúdo interessante.
Agora estou me deliciando com “crazy little
thing called love”, ótimo título, não? A versão é muito animadora. É do Paulo
Ricardo, já ouviram? Ou viveram
uma “crazy little thing called love”? Foi “big”? Concordamos pelo menos
que é “crazy”? Não? A Alanis concorda! Valeu! “Kiss” pra vocês.
Na verdade não estou terminando,
informalmente gentil, este texto, ou seja lá o que isto for, ou melhor, o que
está querendo ser. Fato é que nem comecei ainda. “Kiss” é a música do Prince que é recebida freneticamente, neste
momento, pelos meus ouvidos. Adoro esta música: ela tem uma cara de anos
oitenta, com gosto de qualquer época. Aquela música pra deixar qualquer hora “delightful”,
é só não pensar na carinha do Prince! E falando nele, a próxima da lista é “purple rain”... essa é boa também, mas
sempre me lembra uma manha, uma pirracinha, um chorôrô... que é bem o que eu
imagino quando vislumbro alguém cantando no meio de uma chuva púrpura . Já
pensaram nisso? Se não, deveriam... Porque sim!- antes que perguntem. É. A
finalidade é justamente exercer essa coisa de testar as sensações, o que uma
melodia e uma letra podem remeter... onde vocês podem estar naquele exato
momento? Aqui, por exemplo, numa chuva púrpura... o que sentem? Eu: alguém
fazendo manha. E acho isso importantíssimo! Como alguém pode pretender existir
num mundo ignorando suas sensações? Não pode! É absurdamente negligente. A
menos que você esteja na sua vida, sem almejar sê-la, você mesmo. É coisa que
me choca. Pronto: sem assunto e decepcionado.
Então... “I need a litlle respect”, que já até acabou, dispensa comentários
nessa ocasião. Só citei pra servir de qualquer estalar de dedos, fazendo aquele
barulhinho. Uma espécie de símbolo quando pretendemos promover um despertar, um
chegar-a-uma-conclusão. Isso. Estalo pra quem precisa! Enfadonho? Espero que
não... continuo no esforço hercúleo pra expulsar de mim um assunto inteligente
, sensível e... razoável. Então, “don’t
go away”, do Oasis, soa das caixas de som. Oportuno, muito oportuno. Não
quero falar sobre oportunidades nesse “agora”, quero algo menos auto-ajuda,
quero o espontâneo, o que puder me acontecer, menos o que me aconteceu:
oportunidade. Não quero o politicamente correto, o indicado ou o necessário.
Busco aquilo que não convém, mas que vem do inusitado. Que salta da alma
intuitivamente sem segundas ou terceiras intenções. Não tenho como objetivo
direto as entrelinhas, embora adore o que venha delas. Salve Clarice lispector!
Quero o instantâneo agradável e nú. Isto: “I
was born to love you”(Queen). Essa nasceu agora nos meus ouvidos... tão
estranho, mas sinto que as canções parecem entrar em sintonia com minha busca.
Ou sou eu que inevitavelmente faço uma ligação forçosa com elas, uma espécie de
jogo de intertextualidade com as músicas que o modo aleatório do programa
musical me oferece. Sem análises...
Já sentiram uma música como um chocolate?
Qual ou quais efeitos tem, em vocês, um chocolate? Bem estar? Bom humor? Eis
que, por aqui, inicia-se uma canção que para mim é chocolate: “proud mary”. A Tina Turner é puro cacau,
100%. Imagino-a com um semblante de vovó-super-animada-com-a-pernoca-de-fora.
Cacau purinho! Energizante. A gente pensa... bem, eu penso: quero ser assim
quando crescer, mas a meu modo. Captaram? “like
a rolling stone”... que também é uma opção. E que, coincidentemente, sucedeu
a Tina. Taí outro alguém de energia pulsante. Como será que eu serei daqui a um
bom tempo? Tina Turner + Mick Jagger? Cacau 100%? Não. Preciso de uns 40% (ou
50%?) de serenidade e introspecção, além de 1,16% de uma inconfessável amargura
(ou azedume ou avesso ou horinha danada: mau humor!) senão... senão
simplesmente não serei eu. E, honestamente, eu preciso ser bem eu... e vocês?
Bom, “If you don’t know me by now”,
com Simply Red, começou, e é um ótimo gancho para eu pensar que uma jornada de
auto conhecimento não é nada ruim... pra melhorar a composição do chocolate que
nos tornamos vida a fora. É claro que isso só serve para quem quer virar
chocolate... e isso tem o intento de ser uma metáfora! Dentro ou fora do
significado literal de qualquer intenção, gostaria de proclamar que passamos
alguns minutos juntos, dedicando-nos a um fim: qualquer coisa. E se de toda
essa explosão verbal nasceu qualquer coisa como um texto, vai depender do
critério e boa vontade de cada um. Eu, particularmente, tendo para um nada.
Enfim, pelo menos um nada ao som de “linger”,
do Cranberries, que acho música perfeita para terminar qualquer... qualquer
nada! Deixando-o como eco no ar, deixando-o durar por algum tempo em nós,
diáfano, esse despretensioso nada. Assim:" you have to... you have to… You have to let it linger...".